“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

sábado, 2 de janeiro de 2010

DIÁRIO DE BORDO

1.

nada sei de ventos
nunca viajei de navio

meus naufrágios todos
foram sempre em
terra firme


2.

este nó de marinheiro
dentro do meu peito
que a cada dia me sufoca mais
já nasceu comigo

por isso
nunca vou conseguir
desatá-lo


3.

desejo
navegar até
que os ventos
se cansem


4.

marinheiro sem mar
divirto-me
preparando tempestades
para
a última viagem


5.

agora é tarde
meu navio não tem
mais volta

____________________
Júlio Saraiva,
São Paulo, Brasil
____________________

2 comentários:

  1. meus naufrágios todos
    foram sempre em
    terra firme

    Simplesmente sublime. Com um gosto imenso navego os olhos pela tua escrita primorosa. Um imenso abraço
    Marco

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  2. marcão,

    na loucura da morte da minha mãe, só agora, passeando pelo currupião, li o seu comentário.

    Abraço, amigão.

    j.

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