“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

POEMA DE 7 DE SETEMBRO

que importa o dia lá fora
se as minhas pernas e os meus pés não se entendem?
da janela o olhar aflito que tenho
põe-se a engolir a rua
no entanto mantenho-me sóbrio
e aceito a condenação que me foi imposta
os livros me espiam mudos e fechados
as palavras estão dormindo
acordar madame bovary ou capitu com os seus
olhos de ressaca seria inútil
que dorian gray descanse em paz
zorba o grego dance muito
e os poemas de camões me deixem quieto
não tenho pressa
tudo é uma questão de paciência
nesses anos todos só tenho conjugado o verbo esperar
quando eu me via nos campos de batalha
o desejo de ser herói me empurrava para a vida
porque eu cria nos heróis
hoje estou reformado sem nenhuma medalha
também não me consta ter praticado
qualquer ato de bravura
uma paz feita de vazios me envolve nesta
madrugada de 7 de setembro
dia da pátria - da minha pátria
mas acontece que eu não sei se ainda tenho pátria

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Júlio Saraiva
São Paulo, Brasil
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Um comentário:

  1. Vejo aqui a melhor pátria, a preferida,a terra fértil da poesia.

    Carinho, Lu

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