“O universal é o local sem paredes.” (Miguel Torga) "Escrever é um ato de liberdade." (Antônio Callado) "Embora nem todo filho da puta seja censor,todo censor é filho da puta." (Julio Saraiva)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

DOS DEVERES E OBRIGAÇÕES DO POETA


é dever do poeta
repatriar o poema
ao seio da noite
em que foi gerado

repartir o pão
das palavras com
os que não o têm
é dever do poeta

dizer não quando
o sim pode ferir o
menor não é dever mas
obrigação do poeta

é obrigação do poeta
ir à forra em nome de
todos ainda que o inimigo
lhe sangre o verso

é dever e obrigação
do poeta tocar o barco
ainda que ele corra o
risco de navegar sozinho

15-10-12_
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Júlio Saraiva
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domingo, 14 de outubro de 2012

BUCÓLICO



Um leve sopro de flauta
Um poema que não aconteceu
Uma imagem que bem podia ser
Uma nuvem de poeira
Um anjo
Uma estrela
Uma ilha

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Júlio Saraiva
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MÁRMORE





A beleza pálida das antigas noivas mortas...


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Júlio Saraiva
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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

POEMA OBSCURO


tenho um gosto de cacos de vidro na boca
mas posso ouvir da janela o dobrar dos sinos do convento carmo
teresa de ávila - a grande doutora - não quer ser mais minha amiga
joão da cruz não me recita mais os seus Cânticos
teresa de lisieux despreza o meu rosto
e manda dizer que não sou digno das suas rosas
meus santos todos se cansaram de mim
sou um homem sem prece e sem rumo
a caminhar torto pela Rua Direita

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Júlio Saraiva
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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

PECCATA MUNDI


noite alta
quando deus boceja
e cansado da criação do mundo vai dormir
os anjos escapam dos vitrais
despem-se de suas asas
e vão fazer sexo
na sacristia das igrejas


11-10-12

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Júlio Saraiva
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