quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
INTERMEZZO
meus sonhos estão cansados
a possibilidade da trombose me apavora
o coral dos gatos no telhado distrai a madrugada
a esposa do silêncio me deseja
em trajes de adultério ela invade meu quarto
seu rosto noturno é feito de sombras sonâmbulas e seculares
que o tempo não conseguiu dissolver
no entanto sou um homem do outro século
uma figura antiga divida entre a doença e a cura
correntezas antigas me arrastam para as portas de alguns dias
[que julguei mortos
escravo do que fui padeço do meu passado
sem que os homens que frequentam o mesmo bar da rua abolição
percebam ou sintam a menor compaixão de mim
14-02-13
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Júlio Saraiva
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